Florbela Espanca


Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!


Flor Bela de Alma da Conceição Espanca
[Florbela Espanca]

Poetiza portuguesa.
(Vila Viçosa, 8 de dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de dezembro de 1930)
Precursora do movimento feminista em Portugal, teve uma vida multuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade.
Teve três casamentos mau sucedidos e dois abortos involuntários.
A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente.
Tentou o suicídio por duas vezes em outubro e novembro de 1930. Por fim, após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu 36º aniversário, utilizando uma dose elevada de veronal.

Homenagem pelo seu dia... aniversário de nascimento e de morte.
Florbela Espanca... não sei se estou nela ou se ela está em mim.


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